Hiperplasia Benigna da Próstata | Área HBP

Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e Saúde Mental: como pode esta doença afectar o humor e o bem-estar emocional

A Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) é uma situação muito frequente em homens a partir da meia-idade. Caracteriza-se pelo aumento de volume da próstata, que causa por isso queixas urinárias que podem ser muito desconfortáveis, como aumento da frequência urinária, incluindo de noite, urgência para urinar, dificuldade em urinar, jacto fraco e sensação de esvaziamento incompleto da bexiga.

Embora os efeitos físicos da HBP sejam bem conhecidos, menos atenção tem sido dada ao impacto psicológico e emocional deste problema. Estudos recentes sugerem que a HBP pode ter um efeito significativo sobre a saúde mental dos pacientes, com o aumento de ansiedade, depressão e franca diminuição da qualidade de vida.

Neste artigo explica-se como pode a HBP afectar o bem-estar emocional dos pacientes, discutindo-se ainda a ligação entre a “saúde urinária” e a saúde mental. Além disso, abordaremos a importância do apoio emocional e psicológico, seja por meio de profissionais de saúde mental ou grupos de apoio, que em alguns casos pode ser necessário e muito útil para ajudar os pacientes a lidar com o impacto emocional da doença.

 

A relação entre HBP e Saúde Mental

Vários estudos clínicos demonstraram que homens com HBP apresentam um risco aumentado de desenvolver distúrbios de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão. O impacto psicológico desta entidade parece estar relacionado com diversos factores, incluindo as próprias queixas urinárias, os efeitos secundários de alguns tratamentos e as preocupações com a saúde a longo prazo.

1. Efeitos Físicos e o Impacto Psicológico

Os sintomas urinários associados à HBP, como a necessidade urinar de noite, a vontade urgente de urinar ou a frequência aumentada, podem ter um impacto negativo na qualidade de vida. Pacientes podem sentir-se desconfortáveis ou constrangidos ao sair de casa, o que pode levar ao isolamento social. A perda da confiança em funções corporais básicas e compromisso da autonomia individual podem desencadear sentimentos de frustração e ansiedade.

Além disso, os sintomas urinários nocturnos, como a noctúria (urinar muitas vezes de noite), podem prejudicar o sono de forma muito marcada, levando à fadiga crónica, o que pode agravar os quadros já referidos de depressão e ansiedade. A falta de descanso adequado pode reduzir a capacidade do indivíduo de lidar com o stress, com conflitos e com contrariedades e aumentar a irritabilidade, além de afectar negativamente o humor e a saúde mental de maneira geral.

Por outro lado, por alterações endocrinológicas causadas, entre outras, pela interrupção do sono, aumenta-se a produção e concentração sanguínea de substâncias como os corticóides, que contribuem, entre outros problemas, para desencadear ou agravar doenças como diabetes e hipertensão arterial. Está provado que as alterações do sono aumentam estas doenças e mesmo a mortalidade., em relação a pessoas sem problemas de sono.

 

2. Preocupações com a saúde e a auto-imagem corporal

Embora a HBP não seja uma doença fatal, os homens afectados frequentemente preocupam-se com as possíveis complicações a longo prazo, como a progressão da doença para formas mais graves.

Esse medo pode contribuir para um estado contínuo de ansiedade. Além disso, a percepção de que se está a perder controle sobre funções corporais básicas pode afectar negativamente a autoestima e a imagem corporal do paciente, factores esses que estão intimamente ligados ao desenvolvimento de quadros de depressão.

A vergonha associada aos sintomas de HBP, especialmente em homens que percebem suas dificuldades urinárias como um sinal de envelhecimento ou fragilidade, pode levar a uma sensação de impotência.

Homens que lidam com essa condição podem sentir-se perturbados na sua “masculinidade”, o que pode contribuir para um isolamento emocional, aumentando a probabilidade de depressão e, indirectamente, problemas do foro sexual, nomeadamente diminuição do desejo ou dificuldades de erecção.

 

3. Consequências de alguns tratamentos, incluindo problemas psicológicos

Alguns tratamentos para a HBP, incluindo medicamentos e, em casos mais graves, alguns tipos de cirurgia, também podem influenciar directa ou indirectamente o estado mental dos pacientes. Medicamentos como alfabloqueantes e os inibidores da 5-alfa redutase são frequentemente prescritos, mas podem causar efeitos secundários relevantes, como fadiga, baixa da pressão arterial, palpitações, arritmia e diminuição da líbido e disfunção eréctil, o que pode exacerbar os sentimentos de inadequação e depressão.

A percepção de que o tratamento pode afectar negativamente a sexualidade e o relacionamento íntimo com outras pessoas, é também uma fonte significativa de preocupação para muitos pacientes, aumentando os níveis de ansiedade e reduzindo a qualidade de vida sexual e emocional.

A prevalência de ansiedade e depressão em homens com HBP é significativamente mais alta do que na população geral. Diversos estudos demostraram que até 30% dos pacientes com HBP apresentam sintomas de depressão e ansiedade, comparados com cerca de 10% na população masculina geral, sem este problema. A ansiedade pode ser desencadeada pela preocupação constante com os sintomas urinários e o medo de um agravamento dos mesmos, enquanto a depressão pode ocorrer devido ao impacto geral na qualidade de vida e na saúde emocional.

A ansiedade em homens com HBP pode manifestar-se como medo em sair de casa, dificuldade em socializar e preocupações excessivas com a saúde. Esta constante vigilância e medo da progressão dos sintomas podem interferir nas actividades diárias, causando um círculo vicioso de stress e problemas emocionais.

Além disso, a associação entre HBP e disfunção sexual é conhecida. Pacientes com HBP frequentemente experimentam problemas como diminuição da libido e dificuldade em obter e/ou manter erecções, o que pode levar a sentimentos de desadequação em relação ao que os rodeia e desespero. Esses problemas não só afectam o relacionamento sexual, mas também têm um impacto directo no bem-estar emocional e na auto-estima.

Para lidar com os desafios emocionais e psicológicos associados à HBP, é essencial que os pacientes procurem apoio especializado. Uma intervenção psicológica pode ser essencial no tratamento destes distúrbios mentais associados à HBP. A terapia cognitivo-comportamental demonstrou eficácia na abordagem da ansiedade e depressão em homens com doenças crónicas, como a HBP. Esta forma de terapia pode ajudar os pacientes a aprender e desenvolver estratégias para melhor lidar com o stress e modificar pensamentos negativos, além de melhorar a percepção do paciente sobre o seu  poroblema.

Além disso, os grupos de apoio e as associações de doentes são uma excelente forma de proporcionar um espaço seguro para os pacientes compartilharem suas experiências e sentimentos. Estudos indicam que os pacientes com HBP que participam em grupos de apoio têm uma percepção mais positiva da sua saúde mental e física, além de apresentar menores níveis de ansiedade e depressão. Esses grupos e associações oferecem não só apoio emocional, mas também informações valiosas sobre como gerir os sintomas da doença de forma mais eficaz.

Conclusões

A Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) não afecta apenas o aparelho urinário, mas pode também ter um impacto profundo na saúde mental dos pacientes. Esta doença associa-se frequentemente a sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento social, o que pode prejudicar a qualidade de vida de forma significativa. 

É essencial que os pacientes com HBP estejam conscientes dos possíveis impactos psicológicos da doença e procurem apoio emocional junto de profissionais de saúde mental ou grupos de apoio. Uma abordagem integrada, que trate quer os sintomas físicos quer os psicológicos, pode ser a chave para melhorar o bem-estar geral e a qualidade de vida desses pacientes.

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