Hiperplasia Benigna da Próstata | Área HBP

Sintomas do Trato Urinário: Prevalentes, Subdiagnosticados, Subtratados e Sub-valorizados

Os sintomas do trato urinário inferior, mais comumente referidos na prática clínica pelo seu acrónimo inglês LUTS (Lower Urinary Tract Symptoms), representam um problema significativo de saúde pública, com impacto direto negativo na qualidade de vida e contribuindo para gastos consideráveis com a saúde em todo o mundo. 

Estes sintomas, incluindo frequência, urgência, noctúria (urinar durante o período de descanso noturno), fluxo fraco e incontinência, podem afligir indivíduos de qualquer idade, embora sejam muito mais prevalentes com o avançar da mesma.

Afetam tanto o sexo masculino como o feminino: no primeiro, estão frequentemente associados à Hiperplasia Benigna da Próstata (HBP) e estão presentes em mais de 30% acima dos 70 anos (EMAS-European Male Aging Study); no segundo, encontram-se frequentemente associados a alterações hormonais pós-menopausa e à disfunção do pavimento pélvico. 

O estudo EPIC, um dos maiores estudos multinacionais realizados, contou com a participação de 19,165 pessoas, com 64.3% dos inquiridos a reportar pelo menos um “LUTS”, sendo a noctúria o mais prevalente (homens, 48,6%; mulheres 54,5%). 

Um estudo comunitário (Boston Area Community Health (BACH) Survey), realça que os LUTS são significativamente subdiagnosticados e subtratados, o que aponta para uma fraca sensibilização da população e da comunidade médica na sua prevenção, diagnóstico e tratamento.

Na gestão dos LUTS, a qualidade de vida assume papel primordial. Sintomas graves podem levar a ansiedade, depressão e isolamento social, diminuindo significativamente o bem-estar geral. 

Fatores de estilo de vida como o tabagismo, o consumo de álcool e a falta de atividade física, tal como fatores de risco como a obesidade, a diabetes e as doenças cardiovasculares estão fortemente correlacionadas com a incidência de LUTS. 

Em suma, os sintomas do trato urinário inferior têm uma forte prevalência na população geral, condicionando não só um significativo e por vezes devastador impacto na saúde física e mental de cada indivíduo, tal como na gestão de qualquer sistema de saúde pública. O reconhecimento de fatores de risco modificáveis sugere potenciais medidas preventivas, enquanto a forte associação com doenças crónicas exige uma abordagem multidisciplinar cuidada e individualizada.

 


Referências:

Lee DM, O'Neill TW, Pye SR, et al. The European Male Ageing Study (EMAS): design, methods and recruitment. Int J Androl. 2009;32(1):11-24. doi:10.1111/j.1365-2605.2008.00879.x

Brewer, Jessica (2023). Boston Area Community Health Survey (V5) [Dataset]. NIDDK Central Repository. https://doi.org/10.58020/e5cx-za20

Irwin DE, Milsom I, Hunskaar S, et al. Population-based survey of urinary incontinence, overactive bladder, and other lower urinary tract symptoms in five countries: results of the EPIC study. Eur Urol. 2006;50(6):1306-1315. doi:10.1016/j.eururo.2006.09.019

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